Violência e insensibilidade

Miedo by Enrique Saldivar

 

O problema não é tanto que somos naturalmente violentos e insensíveis, e sim, que aprendemos a ser violentos e insensíveis ao longo da vida.

Somos constantemente bombardeados com violência, miséria e sofrimento… Até que a gente se acostume, até que a gente comece até a achar graça, até que a gente comece a fazer igual, até que a gente nem consiga mais enxergar que é violência.

Um exemplo disso é a questão de palmadas e castigos usados supostamente pra “educar” as crianças.

 


Nós aprendemos, desde a mais tenra idade, que as pessoas que nós amamos e que nos amam profundamente, nossos pais e mães e outros cuidadores, são as mesmas pessoas que nos agridem e humilham, com a desculpa de “educar” — como se não houvesse nenhuma outra forma de educar, como se a violência fosse a única saída possível.

E o que aprendemos com isso? Que tudo bem bater pra resolver seus problemas, que tudo bem fazer algo considerado errado desde que ninguém descubra seu erro, que tudo bem omitir e mentir pra não sofrer uma punição, que amor e violência andam de mãos dadas.


 

E, anos depois, não conseguimos entender o porquê de tanta violência no mundo. Não conseguimos entender o que faz um marido agredir a esposa (ora, não foi isso o que os pais e cuidadores sempre fizeram, “por amor”?). Não conseguimos entender o que faz uma esposa permanecer no relacionamento com o marido agressor (ora, não foi isso o que as crianças sempre fizeram, parte por amor, e parte por não terem condições de viver uma vida independente?).

 


Nós aprendemos a agredir e a ser agredidos. E seguimos a vida, agredindo e sendo agredidos, mas incapazes de sequer perceber tanta agressão. E ensinamos as crianças a agredir e ser agredidas. E o ciclo se repete.


 

Mas é possível quebrar esse ciclo de violência.

Há um número cada vez maior de mães e pais buscando entender melhor os problemas de usar a violência para educar as crianças, procurando seguir outros caminhos, e compartilhando suas experiências. Aqui estão alguns deles: